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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Goste você ou não...

Não gosto de sorrisos entrecortados
Gosto de sorrisos largos
De olhares profundos
Gosto da verdade doída
Melhor que mentira iludida
Não gosto da meia palavra
Gosto da palavra na lata
Sem floreios nem entremeios
Não gosto do amigo
De palavras doces
Para doce sou fraca, logo me dá enjoo.
Gosto do amigo sincero, sem rodeios
Que me diz com coragem
Aonde falho
E logo em seguida me diz
O quanto para ele valho.
Não gosto de nada meia boca
Se for para ser, que seja a boca inteira!
Gosto das pessoas ditas loucas
Dos excluídos, dos oprimidos
Não gosto de certinhos...
Deles tenho certo receio
Sorriem um sorriso fraco
E te olham pelo meio..
Mirando bem meus amigos rotos (tortos?)
São de longe, mais corretos e transparentes
Que esses moralistas doentes.
Não gosto de corrupção
Nem de corrupto
todos na verdade
se vendem fácil, os putos!
Tiram de mim, de ti
Matam inocentes, empobrecem a nação!
Não gosto do luxo inútil
Gosto do lixo reciclável!
O luxo rouba, corrompe, escraviza e mata
O lixo transformado, salva!
Nos torna mais limpos e amáveis!
E o mundo quiçá mais habitável!
Não gosto de desperdício
Nem de alimentos
Nem de vida
E muito menos do precioso tempo!
Talvez para você não interessa
Do que gosto ou não...
Mas vejo tantas palavras soltas
Decido logo libertar as minhas em emoção...
Logo eu que não gosto de nada encarcerado
Nem pássaros, nenhum animal, muito menos homem.
Veja você, se vou encarcerar e calar a voz do meu coração!
Não sei me doar pela metade, só me entrego se for
inteira!
É bem assim...goste você ou não! :)

sábado, 21 de janeiro de 2012

SOUL (Alma)

SOUL (Alma)

 Sou sol se precisas calor
 Lua cheia se precisas claridade
 Fogo se precisas chama acesa
 Água se precisas  refrescar
 Mar se precisas navegar
 Estrela se precisas brilhar
 Estrada se precisas caminhar
 Flor se precisas da beleza
 Lágrima se precisas chorar
 Sorriso se precisas se alegrar
 Mãe se precisas colo
 Carinho se precisas acalmar a dor
 Mão se precisas  amigo
 Menina se desejas cuidar
 Hora sem passar o amor
 Casa se precisas  abrigo
 Ar se precisas respirar
 Vento se precisas voar
 Céu se precisas divagar
 Criança se precisas brincar
 Mulher se desejas amar
 Árvore se desejas sombra.
 Pássaro se desejas canto
 Riacho se desejas paz
 A mata o manto
 o tempo o templo
 amigo que  abraça
 Mão que  acaricia
 avenida e segunda via
 Silêncio e paz
 religião e oração.
 nada se desejas tudo
 tudo se desejas nada
 Metamorfose em ebulição
 hoje amor, dor, alegria, tristeza
 ternura, raiva ,emoção...
 amanhã posso ser só alma e todo coração.

Milka Fonseca / janeiro - 2012

domingo, 27 de novembro de 2011

Ética

Ética

“No tempo da maldade, acho que a gente nem era nascido...”
Chico Buarque

               A base da ética, segundo Hellern é o senso de responsabilidade. Por quem nos sentimos responsáveis? E pelo que nos sentimos responsáveis? Fala-se da responsabilidade individual, isto é, da responsabilidade por nós mesmos, e por tudo que nos rodeia. A responsabilidade coletiva, isto é, o cuidado com o meio ambiente, a distribuição eqüitativa de recursos, a luta contra a fome entre outros, podemos interpretar como solidariedade, quando nos juntamos aos outros, compartilhamos responsabilidade, unindo nosso destino às pessoas que se encontram em dificuldades. A solidariedade é um requisito básico para se viver em sociedade, embora muitas pessoas não a pratiquem, ou só a pratiquem no núcleo familiar, o que demonstra um horizonte ético demasiadamente limitado, construindo a boa morada individual e não uma boa morada para todos.
              Ética entre tantas acepções é abrigo, proteção, espaço onde somente o benfazejo pode entrar, “boa morada”. E o que pode ser uma boa morada? Em minha concepção é um lugar onde todos se respeitam. Não o respeito imposto, sim o respeito intimo, que se encontra no âmago de cada ser habitante deste planeta e que nos leva a conviver harmoniosamente.  Embora, nos dias atuais haja uma grande repercussão do termo “ética”, (encontramos na prateleira de supermercado), creio que a estejam vendendo como um produto de consumo próprio, a bel prazer do consumidor: ética na mídia, ética na escola, ética no futebol, ética na profissão, ética em tudo que seja socialmente aceito. Assim pensamos que agir eticamente seja obter o maior número de vantagens possíveis, quando na verdade agir eticamente seria agir com amor e compaixão e simplesmente respeitar o outro, como desejamos ser respeitado. Na medida que me respeito e sei que sou frágil, tanto quanto meu semelhante, aprendo que não posso ir além dos limites do outro. Essas teorias não são novas, encontramos em Cristo, Nietzsche, John Lennon entre tantos outros.
        Ética deve ser bem mais que o respeito ao próximo. Deve ser entrega à vida sem medo de ser ferido e principalmente sem ferir ninguém. Deixa o id navegar, conhecendo os frágeis limites que nos torna mortais. Perceber que com riquezas não se compra amor, amizade, carinho, assim como o cidadão Kane fez, inventar um mundo particular e manipular todos que estavam a sua volta e obter uma vida vazia. Creio que a ética esteja em ajudar a quem necessita, assim como no belíssimo filme K-PAX , o paciente “louco” ajuda seus amigos encontrar uma sentido para a vida, embora ele próprio estivesse dilacerado, ainda assim, ele cuida de cada um que se encontra ao seu lado e ao final pede para que cuidem dele. Ética de oferecer atenção ao outro, troca-troca de afeição.
           A reflexão sobre ética se faz no choque do filme “Ilhas das flores”, onde seres humanos valem menos que porcos, na injustiça do preso que deseja apenas um banho, na triste solidão de Kane, na extrema solidariedade do Kapaciano, na indignação de Nietzsche contra a falsa moral do cristianismo, no amor ao próximo de Cristo, na busca de um mundo sem fronteiras de Lennon.
          Enquanto não compreendermos que bondade é inerente ao ser humano - ou deveria ser - e que pode ser praticada no dia-a-dia, compraremos ética na prateleira do supermercado. Se não aprendermos que amor e compaixão estão ao nosso alcance, sempre haverá mártires e cerimônias solenes para a entrega do prêmio Nobel da paz. Nunca compreendi porque premiar benevolência, se esta deveria ser uma constante entre seres humanos que pretendem viver em consonância. Quando o homem perceber que acima da ambição, das guerras, da compulsão pelo vil metal, encontra-se a responsabilidade pelo outro, a simplicidade, o amor, o respeito, a compaixão e a bondade, talvez um dia possamos fazer deste planeta realmente uma “boa morada” para todos.

Milka Fonseca

domingo, 30 de outubro de 2011

Dulcinéia - o amor encantado de Quixote - parte I

Tuesday, March 21, 2006

Dulcinéia - o amor encantado de Quixote - parte I



Esse ensaio tem por finalidade refletir teórica e criticamente sobre o romance “Dom Quixote”. Nosso estudo abordará a relação dialógica real/irreal que a personagem D. Quixote estabelece com o mundo que o cerca. Nesse sentido, centraremos atenção no discurso de amor platônico que o “cavaleiro da triste figura” constitui no decorrer do romance em busca do amor ideal. Como base teórica estaremos fazendo uso dos textos lidos e discutidos em sala de aula tais como: “as palavras e as coisas: Representar” de Michel Foucault, “A Dulcinéia Encantada” de Erich Auerbach e “O Jogo de Dom Quixote e Sancho” de Robson André Silva, entre outros.
Nessa perspectiva, observaremos como o universo do narrador do romance comunica-se com o universo do leitor de sua obra promovendo a fusão do jogo lúdico real/imaginário, ou seja, a realização da ficção numa síntese lúdica x síntese dialética gerando assim a tensão dos contrários que consiste em transformar a realidade petrificada em uma ficção dinâmica por meio das aventuras em que se encontram D. Quixote e Sancho, levando-nos a equilibrar-nos na tênue linha entre razão e loucura.
         Don Quijote de la mancha, obra escrita por Miguel de Cervantes, é um livro peculiar que veio para quebrar paradigmas e refutar grandes questionamentos no leitor, como, por exemplo, fazer pensar sobre a questão da separação de contrários e a união dos mesmos (ficção e realidade, razão e loucura, o não ser e o ser , etc).
        Segundo André Silva (2001) a obra apresenta a ficção de Miguel de Cervantes, dentro de uma outra ficção, Quixote, a personagem do romance cervantino, sendo autor de sua própria existência literária. A partir daí começa um incrível jogo lúdico e irônico colocando em xeque a dicotomia entre ficção e realidade, pois Dom Quixote é uma personagem leitora de livros de Novelas de Cavalaria, que decide sair pelo mundo com a idéia de se tornar um cavaleiro, mas um cavaleiro que tem sua própria identidade, transfigurando sua realidade por meio de sua imaginação, conscientemente, já que a existência humana pode ser vista como a possibilidade do ser e que as coisas ditas “reais” ganham um significado a depender do olhar de quem as vê. Assim, ao olhar ficcionalizado lúdico e conscientemente de Dom Quixote, mercadores transformam-se em cavaleiros andantes, moinhos de ventos em gigantes, dois rebanhos de ovelhas e carneiros em dois grandes exércitos, a lavradora Aldonza Lorenzo na Formosa Imperatriz da Mancha Dulcinéia Del Toboso, que é apresentada na obra como o grande amor do protagonista. Para Silva (2001), Em meio a essas transfigurações aparentes na obra, pode se dizer que as mesmas se comparam á figura de linguagem metáfora, na qual a mesma se torna outro conscientemente, e que Quixote idealiza, conscientemente, as coisas por meio de sua imaginação poética a fim de atingir sua originalidade como cavaleiro andante, pois para ele o não ser invisível é o ser visível.
           Apesar do protagonista ser taxado como louco, sua relação com Dulcinéia Toboso demonstra que o mesmo tem plena consciência da ficcionalização de sua loucura e de seus comportamentos ao declarar que sua dama é a lavradora Aldonza Lorenzo. Assim percebe-se que o mesmo sabe que não há apenas a Dulcinéia dele, mas há também a de Sancho. Assim ficção e realidade, o texto e a vida, Dom Quixote e Sancho, a razão e a loucura, o ser e o não ser. Dessa forma, Aldonza e Dulcinéia representam a união dialógica dos contrários – uma das questões mais relevantes da obra cervantina.
Segundo Foucault (1990), Um enunciado tem sempre uma existência material: conforme repetido, rescrito, transcrito, ele pode permanecer o mesmo, mas também pode ter seu status alterado. Uma frase dita por um escritor na vida real ou colocada por esse mesmo escritor na boca de um personagem de um dos seus livros não será necessariamente o mesmo enunciado. Foucault aborda em “as palavras e as coisas”, a questão da fragilidade da relação que une o significante ao significado, ou seja, a fragilidade, a arbitrariedade entre a palavra e aquilo que ela representa, designa. No texto barroco é comum a expressão da realidade através do sentido das palavras. Desta forma, todo o texto é permeado de palavras e expressões figurativas, figuras de linguagem dispostas de modo a representar de certa forma visões, ilusões e delírios expressados pelas personagens. No texto barroco há algo de descontínuo, fortalecido pela fragilidade entre significante e significado, entre ficção e realidade.
          Em “Dom Quixote de la Mancha”, essa descontinuidade é representada, conforme ressalta Foucault, pela figura de Quixote, que se insere num jogo lúdico entre o real e o ficcional. O cavaleiro andante constituído a partir da leitura de novelas de cavalaria representado pela figura quixotesca, ficcionaliza o real acreditando na transmutação da realidade. O problema da relação entre a ficção e a verdade é algo que pode levar à loucura, como aconteceu com Tasso, autor de novelas de cavalaria cristã. Isso talvez explique os devaneios, os delírios e a loucura de Quixote já que ele é reflexo e reprodução dos cavaleiros andantes que leu. Ao se deparar com moinhos de vento e vê-los como gigantes, transmuta o real, provocando uma descontinuidade na representação da realidade, pondo em xeque a relação entre as palavras e as coisas. Nessa descontinuidade os moinhos deixam de ser representados pela arbitrariedade entre significante e significado, ganhando outra conotação, que para Quixote é verdadeira.
           Desta forma, nas aventuras de Quixote encontra-se o término dos antigos jogos das semelhanças e dos signos, travando-se assim, novas relações como união dialógica dos contrários representada pelos personagens e a relação ficcionalizada por Quixote ao imaginar que os moinhos de vento são gigantes que podem matá-lo e ao localizar-se entre a razão e a loucura e entre um amor e outro nos eflúvios de sua imaginação.

Dulcinéia - o amor encantado de Quixote - parte II

Tuesday, March 21, 2006


Dulcinéia - o amor encantado de Quixote - parte II


           O caminho de Quixote é a busca das semelhanças e neste caminho a similitude e os signos, segundo Foucault, rompem as suas antigas alianças, ou seja, as do Renascimento e do Classicismo em relação às coisas e os seus significados, decepcionando e conduzindo à visão e ao delírio. Entretanto, na obra de Cervantes salienta-se, segundo Carpeaux (1980), o elemento platônico e renascentista, sem, contudo, deixar de transparecer elementos do Barroco idealizado. Desta forma, a escrita e as coisas, o significante e o significado não se assemelham mais, pois, de acordo com Foucault (1990), “Dom Quixote assumiu sua realidade. Realidade que ele deve somente à linguagem e permanece totalmente interior às palavras como o mundo, mas nessa tênue e constante relação que as marcas verbais tecem de si para si mesmas”. (p. 63). É preciso fazer aparecer o inteligível sob o fundo da vacuidade e negar uma necessidade; e pensar o que existe está longe de preencher todos os espaços possíveis. Fazer um verdadeiro desafio inevitável da questão: o que se pode jogar e como inventar um jogo? Cervantes com certeza soube inventar esse jogo em “Dom Quixote”.
                 Assim, nessa invenção lúdica do real/irreal que permeia toda a obra, o jogo de amor ideal é o que mais movimenta o romance, visto que, quando Quixote decide partir para as batalhas do cavaleiro andante, decide também dedicar suas lutas a uma mulher amada, assim como faziam os cavaleiros andantes dos livros que lia. Assim, segundo Gerchunoff (1922), nosso herói ao andar pelos campos de Montiel e imaginar o que se dirá de sua fama nos séculos vindouros, fixa Dulcinéia Del Toboso com a condição primordial de dama de seus pensamentos: é desconhecida e está ausente. Mesmo Dom Quixote nos dirá alguma vez que não está muito seguro de sua existência real. Isso não o preocupa. Todo bom cavaleiro tem a necessidade de uma dama a quem possa fazer homenagens e a cujo nome possa encomendar nos momentos críticos em que põe em perigo sua vida.
                  Esse amor desinteressado, como a glória mesma, que é o objeto de suas andanças heróicas, cheias das aventuras do engenhoso fidalgo, movimenta toda a trama, transforma a realidade petrificada do fidalgo Quesada (?) - senhor de 50 anos que vivia numa vila com a sobrinha e sua ama - em realidade dinâmica e cheias de aventuras, assim como afirma Auerbach (1987) sobre a condição desse fidalgo antes de “enlouquecer” e partir para suas andanças “...;estava como paralisado pelas limitações que lhe eram impostas, por um lado, pela posição social, e por outro, pela sua pobreza”. Assim para Auerbach, podemos presumir que essa decisão seria uma fuga da realidade petrificada que se tornara insuportável para uma realidade ficcionalizada que está em constante movimento. E se partir para as aventuras, porque não levar consigo seu amor, mesmo que em fantasia? Tornando, assim, o caminho menos espinhoso, mais nobre e sublime como o ideal de justiça do cavaleiro andante.
                    Assim fez Quixote, Dulcinéia aparece a cada instante, em cada curva do caminho, em torno de cada árvore surge sua imagem radiante. Sancho conhece Dulcinéia. Já a viu agitando sedas ou levando o atado de hortaliças como lavradora que era, e quando questionado pelo cavaleiro como era sua amada, Sancho responde que ela era feia e possuía um cheiro de homem suado. E apesar disso, o prestigio de Dulcinéia não decai. A claridade de sua figura ilumina toda a novela. É a princesa escolhida para que fosse a amada do grande sonhador. Que importa que cada vez que a invoque nos lembremos da lavradora encurvada sobre suas hortaliças, da Aldonza Lorenzo que serviu de gérmen real a criação alucinada? Questiona Gerchunoff (1922). Ainda assim, preferimos os desvario de Quixote a razão dos que tratam de induzi-lo ao abandono do oficio andante ou dos que se divertem com sua escassa sanidade, porque sabemos que a realidade consciente também não nos é suportável e é melhor sonhar com aventuras e um amor idealizado que estar de frente à uma verdade petrificada. Assim, sua loucura não é mais que uma forma da razão extraordinária, que está acima da realidade acessível e da lógica corrente. Dulcinéia de Toboso, os encantados moinhos gigantes e todos que habitam a sua imaginação, possuem a força dos que vivem em um mundo encantado e acima dos seres reais.
            Segundo Gerchunoff (1922), Dulcinéia é a chave de todo livro. Se eliminássemos Dulcinéia das páginas do livro, veríamos apagar-se todas as batalhas e as nobres figuras que se movem em seu extenso relato. Quixote por amá-la leva a cabo penitências penosas; para honrá-la se arrisca nos mais receosos combates; sob sua invocação se lança a batalha; servindo sua augusta princesa, se move em defesa dos fracos e ampara os tristes. Compadecemo-nos, pois, do pobre homem que sorri ante a imagem da lavradora transformada pela loucura em princesa elevadíssima, principalmente quando Quixote encontra à sua frente Aldonza Lorenzo, a própria realidade de sua insana consciência, e mesmo assim não se deixa enganar por seu escudeiro Sancho, antes, ele mesmo afirma que aquela não é sua amada Dulcinéia. Esse momento afirma Auerbach “só serve para o efeito contrastante” o estilo baixo da lavradora e a elevada retórica de Dom Quixote torna eficaz a quebra estilística do barroco alto/baixo, claro/escuro etc. Podemos entrever, nesse instante, que se aproxima uma importante crise.
               Dulcinéia é “a senhora dos seus pensamentos”, protótipo de beleza, ideal de mulher amada dos romances de cavalaria e o próprio sentido de sua vida. Segundo Auerbach, Quixote supera o choque, encontra a saída que o liberta tanto do desespero quanto da cura: a amada está encantada. Ele é alvo de magos invejosos que o perseguem. Assim suplanta a crise ao negar a realidade de uma mulher tão feia e vulgar, verdade que contrasta com seu discurso de amor platônico, e enfrenta a situação no campo da ilusão. A dificuldade reside no fato de que na idéia fixa de Dom Quixote, o nobre, o puro e o redentor estão ligados diretamente com o insensato.
                Para Auerbach, “A vontade idealista deve estar de acordo de tal forma que uma penetre na outra e surja um verdadeiro conflito”, porém o idealismo de Quixote não é assim, não se fundamenta nos fatos concretos da vida, embora tenha a consciência do real, ela o abandona tão logo o ideal de cavaleiro andante se fixa nele. Tudo o que faz depois dessa decisão é tão sem sentido para nós que não conseguimos no desvencilhar do mundo real, assim o que temos é uma grande, cômica e saborosa confusão.
                         Enfim, para Auerbach, o sentimento de dom Quixote é verdadeiro e profundo, dulcinéia é realmente a dona de seus pensamentos, e ele está imbuído de uma missão que considera o mais alto dever de um homem: ser fiel, valente e disposto a qualquer sacrifício. Um amor tão incondicional que merece admiração, mesmo quando baseado numa ilusão doida, e esta admiração Dom Quixote encontrou em quase todos seus leitores. E quem de nós nunca pensou em fazer loucuras de amor? Quixote teve coragem, rompeu a barreira do real e por meio de suas loucas aventuras dedicou sua vida à mulher amada.
Assim, quando Dom Quixote imaginou o que se diria de seus feitos nos séculos seguintes, talvez não soubesse que se desviando da vida real e da plenitude da razão, nos ensinaria, no profundo mistério de sua vida e de suas obras, que sem a eterna presença do ser amado, nada grande se faz no mundo. Os que não fazem o mesmo, não sonham e não convertem sua existência em oferenda ao bem amado, morrerá na verdade, sem grandeza, sem beleza, na eterna e terrível realidade petrificada.

Bibliografias


AUERBACH, Erich – A Dulcinéia Encantada. In __ Mimeses. São Paulo, Perspectiva, 1987, 290-320.
CARPEAUX, Otto M. - História da Literatura Ocidental, Editora Alhambra, Rio de Janeiro, vol. III. 1980.
FOUCALT, Michel – As palavras e as coisas. São Paulo, Martins Fontes, 1990. Especialmente cap. 3 Representar:1 Dom Quixote.
GERCHUNOFF, Alberto - La jofaina maravillosa: agenda cervantina Edición digital basada en la de Buenos Aires, Biblioteca Argentina de Buenas Ediciones Literarias, 1922. Publicação: Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, 2004. Acesso em 10/11/2004
SILVA, Robson André – O Jogo da Ficção e da Realidade em Don Quijote de la Mancha, Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, 2001.

Ensaio apresentado by  Milka e Ronan, nas disciplinas Filosofia de Linguagem e Teoria da Literatura III, ministradas pelo professor Msc. Maurício Izolan

sábado, 29 de outubro de 2011

Amizade, respeito, cárater...

Monday, March 20, 2006




Amizade, respeito, cárater...

"Não quero, nao posso como toda essa gente insiste em viver. Qualquer sacanagem, isso é coisa normal..."


Penso que deveria ser fácil o relacionamento humano, fomos feitos pra nos relacionar. Mas, quanto mais o tempo passa, atento que isso não acontece. Estamos todos perdidos em um mundo em que as relações estão cada vez mais melindrosas. Fico me perguntando por qual motivo isso ocorre? Sinceramente não sei, talvez tenha razão o meu querido Mestre Manoel Rodrigues dos tempos da facul...Ele dizia que o planeta está parecendo uma enorme sirene, um egoísmo monstro em que somente escutamos: “Eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu...” uma infinidade de eus.
Sirene ensurdecedora em que cada qual não consegue olhar para o lado e ver que existe o mundo de outras pessoas e que nos relacionamos com essas mesmas pessoas e até precisamos delas. E ainda assim pensamos que todos eles têm a obrigação de estarem aqui para nos servir na hora que bem entendermos e também não tem importância se pisarmos nos sentimentos delas, porque o que nos interessa são os nossos, aliás, tudo que importa sou eu, eu preciso da atenção de todos, eu fiz e mereço aplausos, eu não posso te amar, porque ...
Hilário essa divina comédia humana dos relacionamentos. Gentileza nem pensar, a não ser que seja conosco, amamos ser amados, amamos ser consolados, amamos aplausos, amamos tudo que vem de bom do outro em nossa direção “Amo-te”...Aaah! como é bom ouvir isso..Mas quando temos que dar a nossa parte humptf...Como é difícil...
É mestre Manoel, infelizmente você tem razão...E a sirene continua...eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, eu, ...............

ምልካ ፎንሰጫ 

Emoção / Noite

Saturday, March 25, 2006


Emoção / Noite



Tenho necessidade constante de gostar
Tenho uma débil necessidade de amar...
Todos amigos, filhos, animais, pessoas,
Água, terra, fogo, ar...

Tenho necessidade constante da emoção
Tenho irredimível mania de me entregar
E pagar o ônus dessa entrega

Quem dera não houvesse coração
Nada de amar, gastar emoção!
A vida no seu mais absoluto tédio...

Mas aí, graças a Deus
para esse meu mal,
nao tem remédio..
Nunca seria Eu!..


=************


NOITE

Lentamente vem a noite...
Levando consigo a luz do dia meu...
Lentamente ela vem...

Trazendo consigo melancolia
O cansaço de um duro dia
Cintilantes estrelas também....

Dormem todos.....
Só não dorme o coração
Vigilante no seu efêmero posto...

trabalha ,trabalha, trabalha...
Operário sem direitos
Guardião do tempo meu...

Tudo Errado..será?

Tuesday, May 23, 2006

 

Tudo Errado..será?



Aii..está doendo..Porquê?
Sei lá..acho que é falta..sempre é falta..
Essa falta, essa vago no meu coração vai me acompanhar para a eternidade.
Desde o dia que minha mãe se foi desse planeta, eu que nem sabia
Que lagartixa perdia o rabo e nascia outro...e nem sei ainda...
E eu fiquei aqui pasma a olhar o vazio...
Hoje não sei porque estou desacreditada dessa humanidade
A gente distribui tanto carinho e recebe de volta
Recebe uma virar de costas pra sempre,
A gente faz tudo para melhorar a vida das pessoas
Fia e confia, deixar a vida delas melhores...
Eu nunca pedi nada para mim, nunca vou pedir
Não sou perfeita, sempre digo isso o perfeito nem nasceu...
Mas PQP! Me dou o direito de pensar sempre.
E acho que o mais dói é pensar e ter consciência. Uma consciência esclarecedora
Que chega a entrar na carne viva da alma e sangrar amargamente.
Tenho muita compaixão por essa humanidade, pela humanidade inteira.
Todos os seres humanos que desejam tanto e não sabem nem como agir
Para conseguir e buscam tanto..o quê, o qual, quem..tudo, nada?
Tenho muito dó (aprendi isso corrigindo as provas da Lú, chique né?)
De todos vocês..
Vocês que enganam e vestem uma armadura de ouro e da bondade.
Enganam, pessoas que não merecem e o pior saber disso tudo e não poder falar nada
Olhar o sorriso da pessoa enganada, lindo e inocente da traição. Isso dói...
Vocês que pedem tanto e não distribuem nada...isso dói
Você que silencia ...isso dói
Você que entrega sua vida para alguém que nem ama...isso dói.
Você que sofre por alguém que não merece...isso dói.
Você que se entrega inteira e não recebe nem o terço da metade...isso dói.
Você que desperdiça sua vida sentindo medo..isso dói
Você que veste uma máscara de fortaleza, quando no fundo é super frágil...isso dói..
Você que sente vergonha de mostrar sua fragilidade, isso é humano...isso dói
Você que foge da morte desesperado, tentando enganá-la...faz-me rir.
Você que se apega a pessoas ou coisas demasiadamente...isso é triste.
Você que deixa a vida passar em branco...
Ahh sei lá, vai ver que estou toda errada ou que nasci em um planeta errado.
Ou numa vida errada e no momento errado...
E todos vocês nem mereça a minha compaixão, e estão todos certos..
Eu que não me encaixo nisso tudo ai encima..
E meu passatempo é esperar meu Passamento.
E faço sala pro tempo, enquanto isso ele não vem.
E enquanto isso vou sentindo falta, de quê, de quem..do qual, de tudo, ou de nada..
Sei lá...
Mas infelizmente, esse coração bate, essa cabeça pensa
e esses olhos soltam lágrimas....
E isso dói muito...
E tenho dito. É isso aí!

“O seu mal pensado, o seu mal olhado...


“O seu mal pensado, o seu mal olhado,
 “Não me faz andar pra trás e nem ficar parado” Ponto de Equilíbrio 


Outro dia li em um mural, uma pensamento que me intrigou.. ”Não publique sua felicidade, porque a inveja tem facebook, Orkut, msn, etc”.  Pensei: “boa essa”, mas dai fiz algumas conjecturas sobre o tema e cheguei à conclusão que não devemos alimentar a Inveja, porque a Inveja é uma coitada – (no sentido da palavra coito mesmo) - já ouvi várias vezes e aposto que você também “ A inveja é uma merda”,  “Não inveje, trabalhe” e por ai vai... .Sabe por que ela é uma coitada?  Porque é maléfica, não traz nada de bom para ninguém, muito pelo contrário... A inveja é inimiga da felicidade alheia, é trapaceira, traiçoeira. Eu já vi a face da inveja, é horripilante. Tem um olhar mal e lascivo, um sorriso sorrateiro no canto da boca e uma expressão feliz quase invisível de ver a infelicidade do outro.  Fico pensando, a inveja é a causa de quase todos os males do mundo porque ela não perdoa ninguém. A inveja mata e mata sem dó nem piedade, guerras, fome, destruição por conta de um sentimento tão mesquinho, fora aquela inveja nossa de cada dia, que está bem ao nosso lado todos os dias nos espreitando, fingindo ser amiga, nos amar, nos querer bem.
É, pessoas, a inveja é perspicaz, arguciosa, ela engana tão bem que muitas vezes acreditamos nela,  “melhor amiga”, amistosa, faz de tudo para saber o que acontece contigo, na frente te sorri com graça, pelas costas te detona, te rouba, te trai. Essa, em minha opinião é a pior de todas, sim há vários tipos. A “inveja melhor amiga” diz que te ama, não lhe deseja mal nenhum e tudo que faz é para o seu bem, ri contigo, chora contigo, mas no fundo ri de ti, ri muito e ri gostoso quando vê você sofrendo ou passando algum perrengue, essa é muito perigosa, por que na maioria das vezes, estamos com a guarda aberta e ingenuamente não percebemos. Quem vai dizer que nunca foi enganado da pior forma possível por esse tipo? Atire a primeira pedra.                                                                                                            
   Outra bem popular é a “inveja sanguessuga”, deseja tudo que você possui; roupas, namorado, carro, casa, o pouco dinheiro que você possui, enfim sua vida todinha. Na visão dela sua vida é maravilhosa em comparação a dela, tudo seu é melhor e ainda pensa que você não merece tudo isso.  Veste-se, copia seu estilo, por que no fundo pensa que você que roubou dela. O que ela não entende é que a “centelha Divina” que nos foi dada ao nascer, ninguém nos tira.  Deus que nos deu e foi tão perfeito quem nem a inveja consegue, Deus só permite tocar na sua criação, os “puros de coração”, por isso nos protege sempre.                          
    Aah o mal olhado.. Já falei da face da inveja não? Então, lembrando, olhar mal e lascivo. Se fosse só olhar estava até tranquilo, o pior é que junto com ele vem o mal pensar, o desejar mal ao outrem e com isso tenho certeza não se brinca. Quem nunca pegou um patuá, uma arruda, um sinal da cruz? Qualquer coisa que nos proteja; orações, benzedeiras, sal grosso, água benta. Eu acredito piamente que faça mal e muito, não esqueço um olhar desse que me botou de cama uma semana e secou minha arruda no quintal. Segundo um conhecido, não secasse a arruda, secaria seria. Eu hein! Credo em cruz, pé de pato, mangalô três vezes, bate na madeira e vai de retro inveja! Deus e o Espirito Santo são meus escudos eternos, e ainda temos nossos Anjos da guarda. Graças a Deus! 

Milka Fonseca

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Se eu falasse língua do homens, se eu falasse a língua dos anjos, se não houvesse amor, eu nada diria.."

Todo dia de manhã...enquanto tomo meu café não tão amargo...
Penso..penso..logo escrevo :)

A cabeça gira em torno de tudo que acontece, de todas as informações que surgem "full time". Tenho percebido ultimamente que a vida vem como uma roda gigante e girante, "so fast"...sem piedade ela nos manda avisos prévios que nem sempre ou nunca sabemos interpretar, decisões para tomar sem tempo de respirar, compromissos que assumimos conosco e com os outros, tudo enfim que se insere em qualquer vida humana. Sempre tive o cuidado de me cercar de pessoas em que posso confiar, isso acredito que todos nós fazemos, mas nem sempre temos de volta o que damos, na verdade, o que esperamos do outro e muitas vezes esperamos demais, ninguém, nem você nem eu podemos dar mais, sempre esperamos demais, daí as complicações das relações, sejam ela de amizade, amor ou quaisquer que sejam.
Tenho vivido nos últimos tempos como se diz por aí “um dia de cada vez”, aguardando o que a vida tem pra me oferecer, analisando o que posso mandar de volta., outro dia me disseram “você é muito forte, não conseguiria passar pelo que você passou, sem me deixar abater, sem depressão...”. Não, não sou forte, apenas tento não deixar que o fato em si seja maior que eu. Tenho meus dias sim, como qualquer um, fico triste, me deprimo, mas como respondi “ a vida me ensina desde pequenina, se fosse parar por todas as tragédias, tristezas, lutos por que passei, não teria vivido nada, não teria nem nascido, porque penso na verdade que no momento em que deixamos o útero materno, já estamos comprometidos com a vida e ela não nos pergunta se desejamos isso ou aquilo, nem nos indica o caminho, ela nos joga na estrada e se vira meu irmão, daí pra frente é com você. Não tenho fórmulas, sou humana com todos os humanos defeitos. Sinto medo sim, muito medo, mas isso também não me impede de dar o próximo passo, pelo contrário, o medo me empurra para o próximo passo mesmo que seja no escuro, daí é só esperar...ninguém sabe o dia de amanhã, no mínimo adivinha ou planeja, mas saber nunca! Não me preservo do futuro...nem que seja pra sofrer..
No futuro só penso nos meus queridos, nas pessoas que amo, sim, vivo para elas, para o bem-estar delas. Tenho e tento estar bem, para segurar a onda, estar em pé quando precisam de mim. Quanto aos meus amigos que na verdade não são muitos, mas são verdadeiros. Cada um com uma história de vida. Todos com muita garra e determinação e vontade de viver intensamente, até por isso são meus amigos. Lindos e amados amigos, aos quais sou imensamente grata por tudo, por me ouvir, por me ajudar, por ser uma companhia nem que seja só por um dia, por dias caminhando na praia, por poucas horas no fone ou por “ois” na net... Amo, nasci para amar, para o amor, não para o ódio ou a mágoa.
A vida tem me ensinado que nada vale a pena se não houver o amor, que raiva eterna, ódio eterno, tristezas eternas fazem muito mal para a alma e para a vida, não a raiva, tristeza ou mesmo o ódio de momento, passageiro. Esses muitas vezes se fazem necessário, até porque estamos vivos e vivos temos necessidade de libertar esses sentimentos. Medos são muitos, medo de não dar conta da vida, mas ainda assim a vida só nos manda o que damos conta e senão damos, ela aborta a proposta que nos deu...é uma pena que as pessoas não entendam isso, pena mesmo, pena que não saibam se relacionar, ser gentis, amigos, companheiros nem que seja por poucas horas ou por pequenos prazeres... No mundo atual está tudo muito descartável , objetos ficam obsoletos muito rápido e as pessoas estão transferindo esse consumismo pra suas vidas pessoais, para seus relacionamentos, tudo é descartável, amor, amizade... bem mas isso é assunto pra uma outra hora..
Não disse tudo que queria dizer ...mas a essência está aqui e a palavra é minha amante, na hora que me chamar eu vollto....

terça-feira, 29 de junho de 2010

Considerações sobre Compaixão e Pena..:)

Pena
pe.na. 4 Aflição, cuidado, sofrimento. 5 Contrariedade, desgosto, tristeza. 6 Desgraça, lástima. 7 Compaixão, dó, piedade. P. capital: pena de morte.


Compaixão

s.f. Sentimento de pesar que nos causam os males alheios; comiseração, piedade, dó.

Como vocês podem perceber ou aos leitores que acompanham a minha escrita tenho gostado de semântica, para quem não sabe, o significado exato das palavras isso para tentar fazer uma análise correta do discurso. Análise do discurso é uma disciplina da faculdade. Bem o que vem a ser isso cara pálida? Todos desde cedo aprendemos a nos comunicar de todas as formas por meio da lágrima, do sorriso, do olhar, do texto e principalmente do falar e até mesmo no silêncio há muita comunicação todos sabemos disso, está implícito no nosso ser.
Bem, dito isto, posso lhes dizer que em cada meio de comunicação há um discurso, e o que vem a ser discurso? É a idéia que queremos passar para o outro, é a mensagem que trazemos conosco o tempo todo e que desejamos que o outro a receba. Claro, se fosse fazer ou dizer mesmo o que vem a ser análise do discurso, claro que em palavras acadêmicas, seria muito mais complexo e é. Mas, para o objetivo deste texto está de bom tamanho, é que como sabem, gosto de me fazer entender. Bem para que isso tudo cara pálida? Tenho ficado em estado permanente de meditação e observação, até porque para escrever, é muito necessário que o escrevente faça isso o tempo todo “full time”, observar, ouvir, ler muito e tentar absorver o que vem do exterior para o seu interior, ou seja, o que vem de fora pra dentro dele..Bem, sem mais delongas, vamos ao que interessa, ao menos a mim, passar essa mensagem.

Eu gosto muito de escrever sobre o que incomoda, sejam sentimentos, atos alheios, algo que vejo ou que sinto e tenho feito isso constantemente (Graças Deus, minha pena voltou a funcionar) , isso muito me agrada, porque é uma forma de jogar fora sentimentos que não fazem bem ou uma forma de fazer entender me um pouco melhor ou não, como queiram.
As palavras que vieram à tona dessa vez, como lêem acima são Pena e Compaixão, isso porque deixo bem claro para quem quiser saber, que eu não tenho pena de ninguém, tenho repetido isso e algumas pessoas tem me criticado, acato críticas sim e até gosto delas, só não gosto que sejam injustas. Por isso, no início desse texto, eu explico a meia boca, o que vem a ser análise do discurso, porque devido a essa minha frase “Eu não tenho pena de ninguém” eu fiquei me questionando, qual o meu discurso, qual o seu discurso, qual a mensagem que desejamos passar para o mundo? Bom, eu sinceramente vejo muita diferença entre “ter pena” e “sentir compaixão”, posso sentir pena de você e não fazer nada, no entanto, posso sentir compaixão e me solidarizar com sua dor, ajudar, seja de que forma for, mas sentir pena? Nunca vou sentir, não fui eu que te colocou nessa situação, ou foi a vida ou foi você mesmo, porque vou sentir pena? Eu ouvi essa semana uma frase e gostei muito “quem sentir pena que se junte aos miseráveis” e não vou me juntar não, se posso, ajudo, se não posso, faço ao menos uma oração, mas gostaria muito que entendessem; a ninguém cabe a culpa (outra palavra para um próximo post, a que mais abomino “culpa”) ninguém pode ser responsabilizado por estares na situação em se está, porque como diz o poeta “ninguém está quando quer” quase sempre isso acontece, o discurso que mais ouvimos é “aah se eu pudesse, aah se eu tivesse” , e porque não dizer isso “o que posso fazer para sair disso? Porque a pessoas não se questionam: como devo agir nessa situação? Mas é humanamente compreensível ser mais fácil pensar que quem nos colocou na situação foi o outro e não nós mesmos e o discurso mais fácil é que eu sou a vítima do mundo, que ninguém me entende, que passo por coisas que ninguém passa, que sou um pobre coitado, que ninguém gosta de mim e por ai vai, o que gosta que sintam pena dele. Para mim isso é um grande embuste, o meio mais fácil que se encontra para ser visto, ser ajudado, talvez até no início isso funcione, mas com o passar do tempo, cansa todos que estão em volta do coitadinho, do pobrezinho que sofre tanto. Ninguém gosta de viver ou conviver com alguém que reclama tanto, nenhuma relação se firma assim.
Aah vamos combinar não é? Que ninguém faz dívidas para você, você sabe do seu orçamento, todos sabemos qual nossa capacidade de ir além, qual o tamanho da sua perna, qual passo pode dar, então por que o outro tem que saber ou ter culpa do que você próprio faz ? Sim, claro que há situações em que passamos sem ter noção de como paramos ali, de que aparentemente foi as circunstâncias ou até outra pessoa que a trouxe para você, mas nem assim acredito em inocência, no filme “Desmundo” há uma frase que gosto muito e que usei por muito tempo “Ninguém é inocente, nem tu” eu acrescento, nem eu, por que sempre desejamos algo do outro, seja um olhar, seja um sorriso, uma compreensão, seja a leitura deste texto, queremos e pronto e é do ser humano, querer, mas alguns querem a alma, tudo que o outro tem e ainda apontam o dedo dizendo, “ta vendo? Tem pena de ninguém” tenho mesmo não, porque mesmo céu que me cobre é o mesmo que está encima de você , o mesmo chão que piso é o mesmo que Deus oferece a você, o sol que brilha para mim é o mesmo que brilha para você, a diferença é como agir, a diferença é você que faz com o seu discurso, se você quer passar a mensagem de “pobre coitado” ou de que estou aqui para o que der e vier, assumir seus atos e suas conseqüências só depende de você.
Sei que não estou certa, que meu discurso não é o melhor, nem nunca será, mas também não reclamo, acato com alegria ou tristeza, tudo que Deus me envia e costumo assumir todos meus atos falhos e sinto compaixão pela humanidade inteira, por que na maioria das vezes queremos ser dono da vida do outro, do amigo, do amor, da família, cobramos o tempo todo atenção, não queremos nem saber o que o outro pode nos oferecer, só sabemos que queremos e o egocentrismo é enorme a ponto de dizer “minha felicidade está em suas mãos”, esse sim é pobre de espírito, porque se felicidade existe, ela está em nossas mãos e nós que devemos batalhar por ela, por que amigo, se você colocar sua felicidade na mão do outro, pode ter certeza, ele não vai ter pena não, no mínimo vai te dar um pouco de alegria, porque interessa a ele, não a você. Pense nisso e mude seu discurso se sentir necessidade, o mundo é feito de mudanças, já dizia Camões, porque a vida é tão curta e temos tão pouco tempo aqui na terra, então porque perdê-la em lágrimas e lamentações, porque então não preencher seu discurso de agradecimento e alegria? Enfim, “Viva e deixe viver”, como diz o nick do meu querido irmão e tenha consciência que você é somente a conseqüência de você mesmo, não espere muito do outro, ele pode não corresponder, daí vem as decepções, lamentações, não culpe ninguém por estares onde está, pergunte-se sempre o que você está fazendo para melhorar a sua vida e as dos outro ao seu redor. E Obrigada por ler. É esse meu interesse sempre..viu? nem sou inocente, nem você...(^_^)
Milka Fonseca